O teatro é uma arte libertária. Historicamente surge como uma espécie de culto ao deus Dioniso, esse que era deus das festas, do vinho, da alegria e do teatro. Essa inspiração, por mais que muito distante, já demonstra o espírito do teatro em sua forma inicial. E, igualmente, como o teatro está correlacionado ao pensamento libertário. Dioniso também é deus do delírio místico e o teatro era, na Grécia, tido como parte da inspiração divina.
O teatro trabalha de forma dupla: uma parte sua é literatura e outra parte é encenação. Há uma "simulação" dentro do teatro: ela surge para revivenciar algo que ocorreu dentro da história ou do imaginário do criador da peça. Essa espécie de vivência proporciona uma alteridade que, por sua vez, permite a quem realiza a experiência simulada e quem a vê ter uma noção mais aproximada. Logo a reflexão proporcionada pelo teatro tem algo de experiencial, o que possibilita uma maior facilidade de assimilação. Graças a tal possibilidade, o teatro é altamente eficaz como instrumento pedagógico.
Engana-se quem busca negar ao teatro o seu aspecto educacional: desde o momento de sua criação até o momento de hoje o teatro existe para gerar reflexão, seja da pessoa em si, seja da sociedade que o teatro satiriza. Inicialmente existiam duas formas de teatro: a forma dramática e a forma cômica. A dramática visava a catarse que é a purificação por meio do sofrimento que a peça traz. Já a cômica fazia com que se questionasse a sociedade por meio da sátira. Ou seja, uma levava a uma postura autocrítica e outra a crítica social.
Não se poderia dizer que uma arte tão capaz de levar a um aumento de capacidade crítica e autocrítica seja inútil. Muito pelo contrário: o teatro é uma das artes mais belas e com uma das histórias mais ricas que podemos ter contato.
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