sábado, 17 de maio de 2025

Acabo de ler "A Formalist Manifesto" de Mencius Moldbug (lido em ingês)


Nome:

A Formalist Manifesto


Autor:

Mencius Moldbug (Curtis Yarvin)


Quando estudamos acerca do debate americano e o que levou Donald Trump para a Casa Branca, não só uma, mas duas vezes, temos que adentrar no debate público americano compreendendo e entendendo a participação de diferentes grupos. Quando cito o Project 2025 como o interesse central, cito uma iniciativa da direita mainstream. Nesse livreto, temos não a direita mainstream, mas a alt-right (direita alternativa). Não que exista uma barreira intelectual e social absoluta entra a direita mainstream e alt-right, vários trumpistas são, na realidade, portadores desse novo caldo intelectual que reverbera no debate americano.


Mencius Moldbug (Curtis Yarvin) é um desses homens que, caso não fosse pela excentricidade que carregam, ninguém saberia como pensam. Para ser honesto, nos últimos tempos a esquerda tem sido notável em ser completamente esquecível pelas suas teorias e a direita tem sido completamente audaciosa em criar toda uma série de teorias que causam um reboliço no debate público. Quando foi que a esquerda ocidental teve a sua última grande mudança estrutural? Talvez com a revolução cultural de 68. Todo resto é um desenrolamento das teorias da Escola de Frankfurt e Escola de Paris com mais algumas teorias que juntaram no caldo daquilo geralmente chamamos de teoria crítica.


O que eu quero dizer é: todo mundo fala sobre alt-right, o neorreacionarismo, o iluminismo sombrio, a negação da mentalidade democrática e muitos direitistas e direitosos chegam até a parar na cadeia. Enquanto isso, a esquerda aparece limpinha e cheirosa, menos adepta da criação de novas teorias que joguem o mundo de cabeça para baixo e façam eles serem vistos como perniciosos o suficiente para serem postos para ver o Sol nascer quadrado. A esquerda moderna precisa estudar a alt-right — com certo nojo e afastamento, mas também com uma pintada de ciúme ou inveja — para não cair no tédio de ficar repetindo as mesmas teorias que já professavam em 1968. (A New-Left se aprofundou como fenômeno histórico em paralelo à New-Right, mas a Alt-Right é um fenômeno que não encontra paralelo moderno na esquerda).


É deveras interessante que Mencius Moldbug vê o debate americano com um certo tédio e um olhar muito próprio. Há uma fascinação por algo que seja uma quebra de linha. Ele reconhece que a direita americana moderna é, por assim dizer, mais nova que o movimento esquerdista americano. Ele vê o movimento conservador americano moderno como aquele que surge após Roosevelt. É evidente que há um afastamento da alt-right da direita mainstream, muitos membros da alt-right chamam os conservadores de "cuckservative" (cornoservador) e riem de uma suposta ausência de atitude. A atitude da alt-right frente ao mundo sempre é acompanhada de um escárnio, como se dissesse "nós estamos rindo do mundo e pouco nos importa se seremos presos por isso".


As visões de Mencious Moldbug, como um bom membro da alt-right, são antidemocráticas e se estabelecem contrariamente ao cânon acadêmico. Muitas vezes, ela é acompanhada por um senso de humor que serve para quebrar o politicamente correto do discurso contemporâneo. Num mundo em que as esquerda se engessa e não produz nada de verdadeiramente novo, a direita surge com uma galhofada que encanta a rapaziada com seu jeito desprendido, promovendo remexer tudo que está por aí — democracia, controle do discurso, república, o cânon acadêmico — e sendo bem sucedida nessa empreitada de causar rebuliços e, em algum aspecto, aparecer com uma estética que agrada mais aos jovens do que os eternos chororos de uma esquerda que é incapaz de reinventar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Acabo de ler "The Case Against Democracy" de Mencius Moldbug (lido em inglês)

  Nome: The Case Against Democracy: Ten Red Pills Autor: Mencius Moldbug Vendo o interesse contínuo na Nova Direita Cultural e no Iluminismo...