domingo, 14 de agosto de 2022
Quando ela caiu...
sábado, 13 de agosto de 2022
Acabo de ler "O alienista" de Machado de Assis
Quando nos deparamos com um clássico, dependemos de um espírito que a ele se abra e entregue-se. Por muito tempo, o humor de Machado de Assis foi-me estranho. Hoje, com maior maturidade do espírito, dou-me a vôos mais altos e constantes. Sinto-me feliz por ter compreendido e rido bastante com essa pequena obra.
A questão fundamental é a definição da loucura. O alienista busca uma "explicação cabível" ao entendimento da loucura. Hipoteca-se sobre a proporcionalidade, depois desenvolve-se na argumentação contrária. A trama se desenvolve como uma arguta crítica ao senso de sanidade e insanidade, além da mediocridade do senso comum e da idolatria científica dos pedantes. Gerando casos extraordinários de comicidade mórbida. A surpresa é característica presente dum roteiro que se engendra tendo como inimigo a monotonia e a padronicidade. Nota-se que Machado de Assis não era outra coisa se não um gênio.
É incrível como surge a "Casa Verde" e qualquer motivo leva ao encarceramento da pessoa. Todos eram alvos. Todos eram tidos como patológicos em dados comportamentos. Chega-se até num ponto em que a grande maioria da população da cidade estava internada. Só que toda essa incomensurável jornada termina com o alienista descobrindo que, em todo esse tempo, o louco era ele e não o outro - nesse caso, todos os outros.
A enunciação duma política experimental totalitária que cultua a ciência e a ausenciação de um ajuizamento da maioria é uma temática interessante. O livro poderia ser facilmente enquadrado nos grandes livros de distopia. Pode-se falar que o livro que tenho em mãos é um clássico da distopia da saúde mental. E, vejam só, é um clássico inigualável em sua riqueza. Termino o livro maravilhado com a agudeza do espírito do autor. Deu-me boas risadas e um bom entendimento crítico que me será útil até a consumação de minha vida.
segunda-feira, 8 de agosto de 2022
Acabo de ler "Sangue, Suor e Pixels" de Jason Schreier
Videogames são a coisa mais divertida do mundo, não? Podemos desvendar masmorras mortais em The Legend of Zelda, viver o apocalipse zumbi em Resident Evil, correr a velocidade do som com Sonic, espancar deuses em God of War. Tudo indica que videogames são divertidos, eles abrem um leque de possibilidades existenciais nas quais entramos de cabeças em novos mundos... mas, pera aí, como tudo isso é feito mesmo? Cada possibilidade que adentra no fantástico mundo da gameplay é meticulosamente preparada por pessoas que, às vezes, passam dias trabalhando mais de dez horas por dia sem ver a família ou dormindo no próprio estúdio pra poupar tempo e maximizar a produção.
Sim, tudo gasta tempo e esforço. O cogumelo que aumenta o tamanho do seu encanador favorito requisitou tempo e esforço daquele que o programou para fazer isso. Os zumbis que lhe perseguiram pelas ruas de Raccoon City requisitaram de uma sofisticada inteligência artificial. Até mesmo o Sol e o reflexo na água tiveram um determinado tempo para ficarem prontos. Alguém teve que deixar qualitativo os movimentos das gramas. Sem falar da física que a tudo rege que teve incontáveis cálculos matemáticos. Fora uma série de piruetas de todos os tipos, alguém teve que conceber artisticamente o produto para que ele fosse bonito e verificar se as mecânicas dentro dele o deixavam divertido além de jogável.
Atrasos de produção, pessoas largando tudo para produzir jogos, horas de discussões intermináveis sobre poderes e como aplicá-los, passar tempo longe da família, não ver os filhos crescerem. Se isso lhe parece uma vida divertida, quiçá esteja apto pra trabalhar 12 horas por dia para que uma flor apareça numa tela e dê poder de fogo a um encanador barrigudo que luta contra tartarugas. A vida dos programadores não é fácil, videogames podem até ser divertidos, só que produzi-los é um esforço estóico do mais alto nível. Toda essa história é contada por uma série de relatos nesse livro.
Pra quem quer entender mais sobre videogames, esse livro é de leitura obrigatória. Ele trabalha com relatos que dão uma nova compreensão sobre jogos de forma inesquecível.
quinta-feira, 4 de agosto de 2022
Carta a Dionísio - A conjuração duma dualidade trágica
Quando penso em você, penso igualmente em mim. Você me era como um arquétipo e como uma contradição a qual deveria rivalizar. Era-me arquétipo na medida em que era alguém de posicionamento social, econômico e funcional melhor do que o meu. Só que não era só isso, era belo e inteligente. Você era um grande ímã que sequestrava todos ao redor com teu hipnotismo, sobretudo as mais belas garotas que víamos na faculdade. Conseguia navegar na divergência e no enquadro. Via-me como um acessório ou alguma coisa a orbitar o espaço de sua espetacular presença que a todos encantava.
Acabo de ler "200 crônicas recolhidas" de Rubem Braga
Se existe um gênero que eu particularmente amo ler, esse é o gênero de crônicas. A leitura desse livro de 488 páginas foi-me um deleite de finíssimo grau, dando a minha vida aspecto suave e mavioso. Sou apaixonado por crônicas desde que o autor Nelson Rodrigues adentrou em minha vida.
Confesso que quando recebi esse livro, logo o estranhei. Não achava que me interessaria por inteiro pelo livro, mas logo fui conquistado pela riqueza do autor. A forma com que a simplicidade e complexidade se engendram harmoniosamente é particularmente espantosa e espetacular. O autor consegue colocar todo simples assunto num altar, exaltando a simplicidade e demonstrando-a grandiosa. Toda essa apoteose deixa a vida mais enriquecida e bela, com Rubem Braga aprendemos a referenciar os pormenores da vida.
Creio que a beleza salvará o mundo. Até certo momento, tinha um grande problema em encontrá-la. O quão cego eu era. A cotidianidade pode ser incrível, o comum e o fantástico podem ser encontrados no mesmo lugar. Rubem Braga é uma espécie de Chesterton em sua apreciação pelo comum. Não por acaso, Chesterton é citado em uma de suas maravilhosas crônicas.
Passei dias lendo o livro lentamente, sempre apreciando meu novo método de leitura. Nunca pensei encontrar uma rica espiritualidade numa obra que me viria por acaso. Sinto-me grato de ter recebido esse livro dum grande amigo.
Acabo de ler "A Guerra dos Consoles" de Blake J. Harris
Comecei a leitura pensando que teria algo de simples, um tanto de vulgaridade e quiçá uma camisa de deleitosa. Uma simples leitura de passar tempo, não? Estava completamente enganado, a complexidade e a forma com que a trama me envolvia me fascinaram por completo. Um livro sensacional, recomendado não só para o público gamer, mas também para estudantes de marketing, publicidade e propaganda, arte e tantas outras coisas mais.
Esse livro certamente me marcou. Não saberia dizer a honra que tive de lê-lo. A cada página uma nova curiosidade me era apresentada e mais eu sentia vontade de devorar o livro. Graças a história de Tom Kalinske, tornei-me um tanto mais seguista ao testemunhar toda essa história fantástica. Pena que tudo que foi feito em nome da SEGA, foi por ela mesma destruída. No fundo, a maior inimiga da SEGA era a própria SEGA. Mesmo assim, a luta da Nintendo vs SEGA na quarta geração de consoles não foi só louvável, foi épica e impactante. Qualquer pessoa que tenha lido o livro ou vivenciado o tempo saberá do que falo.
O fato dos jogos terem sofrido uma queda brutal e a Nintendo ter feito o mercado ressurgir das próprias cinzas é um feito e tanto. A ditadura monopólica criada por ela, nem tanto. A bravura com que a SEGA lutou contra a Nintendo, mudando eternamente o rumo dos games é uma outra história a qual nunca me esquecerei. Todavia a autosabotagem que a SEGA do Japão fez, em seu orgulho, para ferrar com a SEGA do EUA destruiu a empresa. O surgimento da Sony no mercado é uma outra história marcada pelo livro, uma história muito ousada, peculiar e interessantíssima - mesmo que o livro não aborde muito da quinta geração de videogames (PS1, Saturn e N64).
Tudo me deixou com um gosto de quero mais. O problema desse livro é que ele termina. Seu principal defeito é ausência de defeitos. E, no momento que escrevo, sinto-me feliz de tê-lo lido e saudades por ele ter terminado.
terça-feira, 26 de julho de 2022
Acabo de zerar "The Legend of Zelda: A Link Between Worlds" no 3DS
O mês nem terminou e eu zerei outro jogo da franquia Zelda. Se você se pergunta a razão do curto intervalo de tempo, a resposta, quiçá, seja meio óbvia: o Zelda no 3DS é uma continuação do Zelda do SNES. Isso me deixou curioso e louco para dar "continuidade" ao meu gameplay.
O que dizer desse jogo? Creio que tenha sido um dos zeldas que eu mais curti jogar. É um jogo viciante e eletrizante, a mecânica de "virar 2D" e entrar nas paredes é um acréscimo magnífico ao game. Outro fator que me motivou: os cenários são semelhantes ao clássico do Super Nintendo (A Link to the Past) - como não poderia deixar de ser. De restante, o de sempre: aqui o jogador terá de utilizar de sua inteligência para resolver as complexas masmorras. Mesmo que isso ocorra em outros zeldas, cada zelda tem um gostinho diferente e isso nunca cansa. Os gráficos inicialmente não me chamaram muita atenção, só que depois eu percebi a qualidade artística da obra.
A respeito da história: ela vai te surpreender. A história tem bastantes reviravoltas, o enredo é, de longe, extremamente interessante e o final só acrescenta um pouco de caos - embora tenha calmaria. Mesmo que o foco do jogo seja mais a gameplay do que a história em si - não, Zelda não é um filminho interativo -, vale a pena prestar atenção na história do jogo. Garanto que não se decepcionará. (Não, não darei spoiler).
E o sentimento após tudo isso? Sinto aquela sensação de dever cumprido. Zelda é uma franquia divertidíssima, todavia é também uma franquia complicada, complexa e exaustiva. Todas essas características juntas podem até parecer ruim, só que não: tudo apresenta um maravilhoso gosto ao terminar a obra visto que você de fato sente uma sensação mistura o épico, o nostálgico e a sensação de completude.
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