sábado, 25 de junho de 2022

Novas Aquisições



Acabo de receber a coleção de livros cristãos, utilizá-los-ei no meu estudo teológico e edificação espiritual. São eles:

O Homem Eterno - Chesterton

Graça Abundante ao Principal dos Pecadores - John Bunyan

Pecadores nas mãos de um Deus Irado - Jonathan Edwards

Ortodoxia - Chesterton 

Nascido Escravo - Martinho Lutero 

A Verdadeira Obra do Espirito - Jonathan Edwards 

A Imitação de Cristo - Tomás de Kempis

Caminhando com o Peregrino - Charles Spurgeon

Os Pais Apostólicos - J. B. Lightfoot

Praticando a Presença de Deus - Irmão Lawrence

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Acabo de ler "O Modelo Winnicott de atendimento ao adolescente em conflito com a lei" de Elsa Dias e Zeljko Loparic

 





Escrevi onze páginas de anotação. Não deu pra botar todas as fotos por causa disso, já que a plataforma inicial dos textos é o Instagram. Mas deixemos isso de lado e vamos para mais uma típica análise. 






Conhecer a psicanálise foi uma das coisas mais maravilhosas de minha vida. O curso é meio corrido e tenho conteúdo para estudar pelo resto de minha vida. O que para mim é um desafio e um prazer. Acredito que estou a me abrir para novos horizontes e venho conseguido expandir minha consciência.


Como o módulo de agora é o de Winnicott, estive a ler esse artigo acadêmico para me preparar para a prova e o que mais me surpreendeu foi a humanidade a qual se baseia a teoria psicanalítica winnicottiana. Ele consegue ver a esperança até nos mais hostis membros da humanidade, numa técnica que recobra a eles a humanidade perdida.







Por trás de todo agressor, existe a ambiência que traz passados traumáticos. A delinquência nada mais é uma forma de manifestar a revolta contra uma situação sofrida e a vida marginalizada é a causa substancial ao crime. Cabe não só dar uma espécie de isolamento, mas possibilitar uma nova linha de vida em que a pessoa se realize e integre-se ao conjunto social, alcançando maioridade e tornando-se produtiva.






Winnicott é um teórico maravilhoso. A forma com que ele se lida com a profundidade das questões humanas e tenta resolvê-las de forma humanística, sempre por uma medida socioeducativa, é o que me fez apreciar a leitura e dar-me um gosto de quero mais. Eu nunca teria visto dessa forma se eu não fosse apresentado a ele.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Carta a Fada Azul

Enquanto vejo o Sol surgir após essa noite tardia. Busco conciliar a angústia que até agora dominou meu peito com o alvorecer da nova manhã. Só que depois de tanta escuridão, a claridade que me ficou desconhecida agora queima meus olhos. O calor que tanto esperei me queima e, após tanta melancolia meditabunda, pergunto-me se não morrerei pelos raios solares que ao meu peito invadem.


A paradoxidade do que sinto: buscar a luz, mas estar habituado a escuridão. Eu nasci do primeiro princípio, Deus mesmo, só que meu corpo recobriu-se de satânica canção. O que fazer agora que a obscuridade me evade e a claridade me queima? Conciliar o degosto com o gosto para que o bom gosto não mate toda toxina que carrego? Toxina essa que lentamente me mata, porém é o veneno a qual estou habituado.

O problema do tumor que carrego é que ele foi alimentado, muito bem alimentado, pela minha vida perversa. De perversidade em perversidade, corrompia-me a cada página. Meu caderno é cheio de rabiscos ininteligíveis. Meu braço é cheio de riscos que outrora sangravam. Machucava-me para que, no mínimo, sentisse qualquer coisa em vez de nada. O vazio, a privação, o niiliabsorto: tudo isso dói mais do que a sensação amena de parca felicidade.

Confesso que não sou feliz há oito anos. Só que nesses oito longo anos, tive momentos de felicidade em tempo raso. Só que nessa mesma rasura encontrei boêmia longevidade. Uma pena: agora só sobrou a dor. Sou como o Papa Gregório em "Vida de São Bento": "Estou, pois, avaliando o que sofro, avaliando o que perdi; e, enquanto considero o que perdi, pesa-me ainda mais o que suporto".

sábado, 11 de junho de 2022

Acabo de ler "Violent Cases" de Neil Gaiman e Dave Mckean

 



Essa HQ é bem diferente das que estou acostumado a ler. Para ser mais exato, propus-me a uma pequena loucura quando decidi lê-la: pegar uma HQ aleatoriamente, sem ler a sua sinopse e curtir essa experiência do acaso tal como alguém que abre um livro religioso aleatoriamente esperando uma resposta da providência divina. E não me decepcionei em momento algum, muito pelo contrário.

Essa revista em quadrinhos é meio confusa, já que o conto é narrado no presente, mas a história se passa na percepção meio infantil duma criança. Fora isso, há outro fator que complexifica a leitura da obra: a mistura entre realidade e fantasia dentro da mesma narrativa, o que leva a múltiplos caminhos interpretativos. Damo-nos conta de que estamos numa memória meio confusa que está sempre sincretizando múltiplos eventos.

A sensação de confusão que temos ao ler a HQ não é ruim, ela é prazerosa e dá-nos um quê de misticismo. Essa sensação mística se mistura com a própria beleza artística a qual somos expostos. A beleza e a confusão nos transbordam de sentimentos indescritíveis durante todo no intercurso de leitura. E mesmo não chegando a compreensão literal, compreendemos que ela não é necessária: trata-se, antes de tudo, de uma estranha experiência maravilhosa que joga o leitor numa penumbra lunática e maviosa.

Ao terminar de ler, sinto-me dado a grandes mistérios da vida, não concluindo logicamente sobre eles. O que tendo é entender que existem coisas que escapam as nossas mesquinhas definições.

terça-feira, 7 de junho de 2022

Psicologia Aplicada de Freud: A Contribuição da Psicanálise para Arte

 



Aprendemos, com Freud, que a arte pode ter um "poder utópico" que metodologicamente serve como mecanismo realizativo do ser e, com isso, atinge um grau de sublimação que servirá de relaxamento do tensionamento psíquico - o acúmulo enérgico e o sofrimento decorrido dele podem, redimidos pela arte, serem arrefecidos.

Freud mesmo encontrava na literatura uma chave para o entendimento dos dramas humanos. A educação cultural e a cultura tornam-se meios de retirada da tensionalidade que ao ser deprime em sua tormenta. Freud insistiu que os artistas anteciparam as verdades mais essenciais do psiquismo humano.






Mesmo que a arte seja definida como: não "bastante forte para nos fazer esquecer nossa miséria real". Ela ainda serve como um substituto daquilo que perdemos na vida em si. Um paliativo ao sofrimento que, quando não encarado como saída absoluta - o que seria uma alienação -, tem a possibilidade de ser uma forma de evasão da tensionalidade energética. A possibilidade de ser, numa existência paralela, uma nova pessoa faz com que saíamos da rotina encarcerada e (de)limitada do real.







Não por acaso, o surrealismo - que foi inspirado na psicanálise- representa um questionamento aos padrões comportamentais e morais socialmente estabelecidos. Sempre escapando da regra, já que o ser sempre necessita de um mecanismo de escapamento para a angústia que o cerceia. Contrariar um pouco é necessário, mesmo que um conjunto de regras estabelecidas sejam necessárias a própria existência humana - e uma vigilância constante sobre as regras estabelecidas também é necessária.

Mais uma vez, a amplitude da psicanálise fascina-me. É como uma ferramenta altamente dialógica capaz de abarcar uma série de fenômenos que, para o bem ou para o mal, vivencio.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Acabo de ler "Asa Noturna: Estágio Futuro" 1 e 2 de Andrew Constant e Nicola Scott

 




Essa HQ não explica nada, quase tudo que existe nela são apontamentos que, mesmo não dando uma condução mais literal pras coisas, possibilita várias margens para interpretação. O que pode ser visto como ruim e, pela experiência geral, geralmente é. Só que perceber o enredo pela ambientação é fantástico e ainda prende o leitor.




Vemos Asa Noturna após perder o Batman. Não sabemos se Batman está de fato morto ou se apenas sumiu provisoriamente. O Batman que aparece não é o Batman de fato e ao final da experiência não sabemos quem é. Creio que se ele fosse o Batman, o próprio Dick perceberia isso. De qualquer forma, o luto pela Batman e a personalidade abalada de Dick ocorrem durante todo percurso da história, criando uma atmosfera diferente e até sombriamente agradável.






Quando um personagem tira sarro do Asa Noturna e de seu descontrole é simplesmente maravilhoso. Temos um Asa Noturna diferente do habitual. Ele é sombrio e fatalista, virando o próprio Batman da história em termos atitudinais e de personalidade. O tempo todo, ele visa cumprir o legado de seu mestre. Ao ponto que ele é o próprio comandante da situação e atua como líder da batfamília. É por isso que gostei desse Asa: sendo taciturno, aparenta-se mais com o seu mentor e a ligação que constrói com ele, sendo uma espécie de novo Batman após a sua (suposta) morte é um dos pontos mais altos da história.





Carrego uma dualidade: tudo se resolveu facilmente demais. As duas HQs mais abrem uma aventura psicológica na mente de Dick Grayson do que uma aventura completa com um bom começo, meio e fim. E embora eu tenha gostado desse Dick, ainda considero a qualidade geral da obra baixa. É um gosto de "eu esperava mais" difícil de lidar, o potencial foi jogado no lixo.

terça-feira, 31 de maio de 2022

Um Gorducho com Duas Espadas - Parte 2 (Hereges - G. K. Chesterton, pág. 33 a 43) (Lamentações - Jeremias - 1)

 




A similitude de Hereges de G. K. Chesterton com Lamentações de Jeremias poderiam ser meramente ocasionais se não fosse pelo fato de que Chesterton era um teólogo no sentido mais substancial do termo e real em vivacidade, seja em inteligência ou vida em santidade. Mas cenas catastróficas das lamentações em que fala o profeta Jeremias, vemos uma cidade que se perdeu no peso de sua própria glória e esqueceu-se do motivo central que a edificou pomposamente. 


Olhando o argumento anterior, pensa-se: Jerusalém esqueceu-se de Deus, Deus maldosamente a castigou. Só que é má teologia pensar assim, Jerusalém não foi castigada por Deus e sim por si mesma. Ao viver uma vida que foge da substância e cai no mero acidente, perde-se a centralidade e consciência daquilo que nos circunda e importa. É como o homem que hipnotizado pelo amarelo do ouro, passa a acreditar que tudo que é dourado é ouro. Daí encontramos Chesterton: o peso doutrinal é sumamente ignorado e existem discussões que não tratam da essência das coisas, mas de meros itens secundários. É uma discussão metodológica sem a razão que fundamenta o método.






Por exemplo, Chesterton, ao ver que a frase de que "a vida não vale a pena ser vivida" é um bem elabora o seguinte argumento se o pensamento fosse sistematizado: 

Toda ordem que temos hoje seria posta ao contrário e o único objetivo da vida seria o extermínio da vida existente.






Chesterton e a Bíblia me fazem perceber que estou atirando cegamente, esses tiros escapam da seriedade pelo simples fatos de serem ingênuos. Perco-me no subordinado sem alcançar jamais a ordem, já que a centralidade do meu discurso e de minha vida se perderam em banalidades que escapam da centralidade almejada. A vida requer um sentido profundo que lhe dê plausibilidade e dirigibilidade radicada nesse ideal. Se não, perde-se em pormenores que são acidentais. Uma das próprias condições para se atingir isso é a aplicar as crenças num exercício mental de realidade, com pessoas e objetos concretos, testando a veracidade dessas crenças dentro do universo real. Voltar ao senso comum.