segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Acabo de ler "Introdução à Nova Ordem Mundial" de Alexandre Costa

 



Antes de tudo, digo que o livro não é lá um primor. Muito do que é dito é de natureza hipotética, construção imagética ou, pura e simplesmente, conspiracionismo. Mas, tudo bem, eu li esse livro já esperando isso mesmo e tenho certeza que será útil para o que estou construindo - e, não, eu não vou dizer o que estou construindo.


O livro conta referências várias a organizações, dotando-as dum espírito inescrupuloso e com a capacidade de resultar num mal perfeito. Como se alguém ou um conjunto de pessoas pudesse ter, dentro de si, uma capacidade extremamente conspiratória e absolutamente ruim em si mesma. Embora haja o fato de que muitos fatos são citados no livro, todavia o preenchimento ficcional e a inserção de psiquismo não favorecem o valor informativo do livro.


Escrevendo tantas atribuições que são negativos, o leitor há de imaginar que odiei o livro em absoluto e que não recomendo a sua leitura. Muito pelo contrário, adorei a leitura desse livro. Se bem que o li apenas por uma espécie de eruditismo e ecletismo. Se você for capaz de manter uma capacidade crítica e um diastancimento sensitivo daquilo que é escrito, tomando tudo como um estruturação conspiratória banal, recomendo que dê uma olhada no livro e curta uma boa dose dum roteiro cercado de vilania - só que o encare como um amontoado de conspiração. 


No final da leitura, não sei que sensação posso exprimir. De um lado, estou contente de ter apreendido uma série de teorias conspiratórias que ajudarão minhas construções imaginárias posteriores e ter ampliado meu leque argumentativo. Por outro lado, vejo que será um tanto difícil aplicar essa leitura em muitas esferas de minha vida.

domingo, 18 de setembro de 2022

Sabe que dia é hoje? É DIA DE ANARQUIA, BABY!

 


Acabo de trazer uma série de artigos anarquistas em narração no projeto de áudio Latir contra os Grandes. Eles poderão ser ouvidos no YouTube ou no Spotify - a escolha é sua.

Dentre os principais artigos trazidos, estão 2:
1- "Os Perigos do Estado Marxista" de Mikhail Bakunin;
2- "Anarquismo e Crime" de Benjamin Tucker.

No primeiro artigo, Bakunin demonstra uma capacidade extremamente profética - ou, quiçá, mera percepção do óbvio ululante - de dizer que o projeto de Estado Marxista acabaria num regime totalitário. O trabalho é, nitidamente, um clássico do pensamento anarquista.

No segundo artigo, temos Benjamin Tucker elencando que, logo após a luta antirreligiosa e a luta escravatura, o próximo passo da humanidade seria caminhar para a abolição do Estado. Fora que ele conecta o Estado intimamente com a criminalidade.

Ouça aqui no Spotify:

Ou ouça no YouTube:

Lembrando que:
Nenhum artigo narra apresenta parcial ou totalmente as visões de minha pessoa.

Acabo de zerar "Castlevania Symphony of the Night" no PlayStation 1

 



"A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens bons não façam nada"
Edmund Burke

"Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?"
Matheus 16:26

"O que é um homem? Uma pequena pilha de segredos miserável!"
Drácula

Poucos jogos chegam ao grau de maestria de Castlevania Symphony of the Night. Um jogo de PS1 em 2d, saindo duma geração que focou quase inteiramente no 3D - com exceção do Sega Saturn, mesmo que isso o tenha feito fracassar em vendas. De qualquer modo, esse jogo é uma obra prima e assim deve ser considerado.

Quando joguei esse jogo pela primeira vez, tinha 11 ou 12 anos. Foi paixão a primeira vista. Quando descobri que zerei ele de forma errada, visto que só tinha feito metade do jogo, foi outro choque. Além de todo o Castelo, tinha um castelo reverso. Ou seja, zere o primeiro castelo e vá pro segundo que está inteiramente de ponta cabeça.

Nesse jogo, ao contrário dos outros, você joga com o filho do Drácula. Esse que tem o nome de seu pai de trás pra frente: Alucard. É uma jornada de uma briga familiar, onde um filho confrontará a alma corrompida do pai. Uma luta que se define pelo poder do amor, já que o homem que não mais ama perdeu sua alma.

Uma jornada de purificação estóica em que o protagonista junta poderes para ser capaz de derrotar seu pai. Esse que é ressuscitado de tempos em tempos pelos miseráveis homens em sua ânsia por poder. Com gráficos exuberantes e polidos que, até hoje, demonstram extremo vigor e são compatíveis com um olhar despido de falhas.

Jogar esse jogo novamente não é só um retorno nostálgico a uma infância. É toda uma apreciação artística de um jogo que criou o gênero metroidvania. Jogo esse que se encontrará sempre em meu top 10.

sábado, 17 de setembro de 2022

Acabo de ler "Evolução Política do Brasil" de Caio Prado Jr.

 



A história do Brasil é impressionante por suas mazelas e eterna incapacidade de modernizar o país as necessidades do tempo. Não raro, caímos em reformas que seguem tão apenas parcialmente. Essa eterna condição sempre marcou nosso país em seu gradualismo e lenta marcha.

De dimensões continentais, o Brasil tem tudo para ser uma das maiores nações do mundo. Entretanto, perdemo-nos no meio do caminho e não conseguimos assumir o protagonismo da história. Ficamos relegados a ser o "país do futuro". Futuro esse, convém lembrar, que nunca chega. Estamos adiando nossa capacidade sempre, nunca ousando tanto quanto deveríamos.

O caráter social do Brasil se desenvolveu por uma elite que considereva apenas o seu interesse, nunca procurando um entendimento nacional para a condução dum projeto político unitário e verdadeiramente nacional. Quando a Coroa Portuguesa para cá veio, o rompimento entre Brasil e Portugal que poderia ser mais virulento, foi bastante calmo - embora não sem lutas. De qualquer forma, tudo no Brasil se faz com parcimônia e passos de tartaruga. Toda revolução é, em verdade, apenas um golpe de uns poucos gatos pingados.

Tendo em mente as mazelas de nossa história, um país focado no patrimonialismo e incapaz de planejamento de Estado, como poderíamos ser otimistas? Talvez a resposta seja por mais amor a pátria e desejo sincero de vê-la melhor em todos os âmbitos, não só para uns, mas para todos.

domingo, 11 de setembro de 2022

A Torta


 

 

   É estranho, mas também não é nada engraçado. Se você olhasse para mim, nesse momento, talvez tivesse um daqueles pensamentos de humor sombrio. A cena que veria gozaria de qualquer falta de senso com a realidade comum. Um palhaço com uma arma enfiada na boca. Sim, sim, encontro-me vestido de palhaço. Com uma calibre 12. Sou um autêntico palhaço, na verdade. Quando isso tudo terminar, já não serei palhaço. Tenho um nariz desproporcionalmente vermelho, que tem um irritante som de buzina ao ser apertado. Minha face é tingida de branco, embora a cor da maquiagem esteja um pouco borrada pelo meu choro. Uso uma peruca grande e vermelha e um chapéu curtíssimo. Um sorriso está desenhado em minha boca, embora eu não sorria - não me lembro sequer da última vez que ri de verdade. Minha roupa é extremamente colorida, ela bate em contraste com a minha vida acinzentada e infeliz que levo. Também uso dois sapatos gigantescos, extremamente prosaicos para a alegria da moçada.


    Alguém cuja a função é fazer os outros rirem não pode se matar, certo? Talvez, em sua visão preconcebida, eu seja uma espécie de ser mirabolante de variadas ideias, com uma complexidade além da curva e que consegue satirizar a crueza do real. Alguns gênios dirão que os bobos da corte, ancestrais espirituais dos palhaços, faziam piadas até mesmo do rei. O palhaço é aquele que ri de tudo. A vida é dura, então o palhaço é aquela espécie de intelectual contrário ao intelectual meditabundo, uma espécie de "intelectual gozabundo" ou qualquer outra palavra de sentido semelhante. Minhas piadas deveriam ser, então, uma espécie de relativização da densidade que a todos esmaga. Um alívio cômico ao tão comum sofrimento humano. As pessoas olham para mim e tiram mil e uma conclusões. Tudo em mim é gritantemente desproporcional e a assimetria causa nojo e comicidade. A indumentária dum palhaço foi feita para ser rapidamente identificável, o palhaço acima de tudo é um alvo. Convenhamos que o destoante chama a atenção e é por isso que o palhaço assim se veste.


    Tudo bem, meus caros. Olhar para um palhaço chorando com uma arma enfiada na boca não é a melhor cena que se vê. Talvez você pense que isso é engraçado, lhe digo que não é. Por favor, vamos estender um pouco mais a cena. Vários corpos sangrentos no chão e uma pequena chama a circundar o espaço circular daquilo que foi um dia um circo. Vamos dar um passeio descritivo por essa região. No meio, encontramos um mago, uma espécie de ilusionista bonitão que era famoso não só pelos seus truques, o era também por ser um garanhão. O mais famoso está no meio! A sua satisfação narcísica realiza-se até mesmo na morte! Se soubessem o quanto de homens vieram para espancá-lo, o motivo era sempre o mesmo: por ele ter pego as namoradas, as noivas e as esposas. Ouvia-lhe sempre dizer: "a melhor coisa do sexo é gozar na aliança de mulher casada". Há, há, há! Como ele era engraçado, não é? Porém ele não é tão bonito agora que seus miolos estão para fora e a estética proporcional de seu rosto se encontra tão feia e desproporcional quanto o meu rosto desproporcional e feio de palhaço, não é mesmo? Agora acho que ele "pegará" tantas mulheres quanto eu. Ele sempre dizia: "Astolfo, sabe o que dia eu ganharei na loteria? No mesmo dia que você perder a virgindade". Sempre quis saber o que as mulheres viam nele, só que a experiência de transar com o seu cadáver nem foi tão boa assim. Talvez existam coisas no mundo que sejam mais propaganda do que realização em si.

 

    Se dermos uma boa olhada na cena, veremos dois trapezistas musculosos. Encontram-se na extremidade esquerda. Coloquei-os lá pois eram esquerdistas, quase que comunistas - embora que não praticantes. Irmãos gêmeos. Carinha de um, focinho de outro. Tão bonitos e tão brilhantes. Eram capazes de todas as proezas físicas mais fantásticas. Eram ambos casados, casadíssimos com duas mulheres lindas. Elas tinham medo de serem traídas, e eles sempre que recebiam as ligações de suas esposas, sempre repetiam: "estou só treinando com meu irmão". Como eram assíduos em seus treinamentos, sempre na eterna companhia do irmão. Quem não quereria tão íntima amizade familiar? Eles morreram por envenenamento antes mesmo de poderem morrer por hemorragia. Sabe, eu cortei o pênis de cada um deles e coloquei na boca do outro. Quem poderia imaginar que os gêmeos trapezistas transavam um com o outro escondidos? Ah, de todos os números esse fica em incesto lugar. Outro escândalo sexual que nosso circo omitiu com bastante esmero. Eles também sempre riam de mim, diziam que meu número não valia meia moeda de um centavo. Agora estão ocupados em seu cadavérico número de boquete horripilante.

 

    Ao meu lado, há a mulher barbuda. Peituda, graciosa, bunduda. Ela era uma mulher fantástica. Dormia com uma porrada de homens. Eu era um deles. Tão ninfomaníaca quanto rejeitada. Nunca assumimos o namoro, ou seja lá o que tenhamos tido, tudo ficou a se enredar no sigilo. Hoje em dia, é-se comum relacionar-se com travestis. Aqueles que calculam bem, optam pelo sigilo. Só que, bem, ela nunca quis assumir, nas palavras dela, "um fracassado". E quando fazíamos aquilo que não posso chamar de amor, ela fechava os olhos e imaginava que estava com outro homem. Sempre me dizia para ficar quieto, tinha nojo até de minha voz. Apagava a luz para não ver minha cara. Só me beijava raramente, e quando me beijava para calar minha boca. Para ela, qualquer discurso meu era um asco. Propriamente nauseabundo. Sempre dizia que sentia mais prazer ao transar com qualquer um de nosso público do que comigo. O sonho dela era pegar o mágico, tal como de todas as mulheres e, também, dos trapezistas. Depois de anos, eu finalmente tive o seu coração. É, eu arranquei o coração dela e comi. O que ela me negou é finalmente meu. Não é questão de canibalismo, é questão de reciprocidade, ora essa. Qual é, sorriam um pouco, amigos, senso de humor não faz mal a ninguém.


    Na entrada principal, há o apresentador. Quando eu o conheci, eu estava a me formar em gastronomia. Eu queria abrir a minha doceria. Naquele tempo, saia pela rua para ofertar pequenos doces para transeuntes. Meu pai e minha mãe tinham morrido num acidente de carro, tinha agora que sustentar a mensalidade da faculdade e todas as séries de contas. A vida é feita dessas tragédias que pipocam do acaso, faz o quê? Lembro-me bem, ofereci-lhe uma torta por um valor módico, sabem? Inicialmente ficou pensativo. Achei que não pegaria. No fim, ele comeu, apreciou o gosto de minha pequena torta. Ele tinha dúbias intenções. Na mesma hora, perguntou-me se valia a pena sair pela rua vendendo pedaços de comida. Disse-lhe que era difícil pagar as contas, só que fazia isso na intenção de um dia realizar meu sonho. Ele achava a forma com que eu verbaliza e movia meu corpo estranha. Naquele momento, eu não sabia disso. Parece que não conhecemos as pessoas, nunca chegamos a conhecê-las. O coração humano não é translúcido, está sempre submerso no lodaçal da falsidade. Disse-me que eu tinha potencial, eu acreditei nele. No fim, convenceu-me treinar para ser palhaço. Aceitei pois precisava de dinheiro. A vida comum de nada de desassocia da prostituição ou da negação. Não fazemos o que queremos, fazemos o que é circunstancialmente necessário e o reino da necessidade está sempre aquém do reino da vontade. Aprendam essa importante lição.


    Meu sonho nunca foi ser palhaço. Não sei se algum dia alguém sonhou em ser palhaço. Nunca me pareceu um sonho desejável, ao menos não para mim. Eu queria ser cozinheiro, tal como já devem ter percebido pelo correr dessa louca história. Quando entrei no circo, havia mais gente. Uma série de gente talentosíssima. Gente que tinha talento real, talentos muito maiores e melhores que os meus - supondo, é claro, que tenho algum talento. Só que o negócio foi esfriando aos poucos, sabem? Parece que o mundo se interessa menos por circos hoje em dia. De qualquer forma, a renda apertou e o povo que comigo trabalhava se dispersou. Para eles conseguirem manter o público interessado, tudo ficou com um sadismo bizarro. Humilhações passaram a se tornar frequentes e o público adorava rir disso. Sobretudo comigo, o palhaço. Eu já não tinha lhes falado que o palhaço é sempre o alvo? Sabem quantas tortas eu preparei para serem jogadas em minha cara? Todos os dias, meu talento gastronômico era humilhado e ninguém comia nada do que eu preparava. Meu número, com o tempo, tornou-se um preparar uma comida e oferecer aos meus colegas. Eles sempre faziam cara de nojo, zombavam de mim e batiam as iguarias que preparava na minha cara. Minha vida parecia um enredo infantil e circular em que eu sempre preparava alguma comida e os espectadores olhavam esperando quando e como eu seria recusado e humilhado. Eu circulava num circo numa circularidade trágica.


    Claro que com a digitalização de tudo e a busca por maior público levou isso para internet. Milhares de pessoas passaram a ver em vídeos como as tortas, bolos e doces que eu preparava eram recusados, como eu era humilhado, como meu sonho de ser cozinheiro ia parar diretamente na minha cara. Meu sonho converteu-se em pesadelo. Eu era um cozinheiro e, ao mesmo tempo, não o era. Um cozinheiro cuja a comida ninguém come e, ainda por cima, é jogada com desprezo em sua cara. Sabem o quanto isso pode machucar um coração? Fiquei conhecido por muita gente, as pessoas sempre me diziam como adoravam a forma caricatural que eu atuava e como eu sempre me dava mal. Minha humilhação ficou acessível a milhões de pessoas. A um click, todos poderiam rir de mim, rir de meu fracasso, rir de minha existência patética, rir de minha comida. Familiares, parentes, colegas e amigos passaram a rir muito de mim. Riam não só pela frente, mas também pelas costas. Tornei-me uma vergonha para todos. Tornei-me uma vergonha para mim mesmo. Tudo desmoronou quando até a minha avó, minha própria vó, gente boníssima, contou-me que tinha vergonha de mim e que meus pais não me criaram para aquilo que vim a me tornar. Disse-me que eles se remoíam no túmulo e que era sorte deles terem morrido antes de verem a vergonha que me tornei.


    Certo dia, um dia não tão longe desse, eu tentei pedir demissão. Todos riram de mim, é óbvio. Eles sempre me viram como uma piada. Não era agora que eles poderiam ver a grande pessoa que eu era? O apresentador, após rir descontroladamente, pôs-se a falar com uma voz de desprezo, de zombaria:

- Olha, meu amiguinho, todo mundo sabe que você é um fracassado - ele sempre me tratou no diminutivo, mesmo eu sendo adulto.

- Quando me contratou, disse que acreditava em meu potencial - disse fremendo.

- E de fato acredito. Acredito no potencial que tu tens de ser objeto de piada - disse ele com um sorriso sardônico no rosto.

- Você nunca acreditou em mim? - falei com minha voz irritada, chorosa e tipicamente autopiedosa.

- Quem é você longe do que faz? Sua existência é ser esmagado e humilhado por gente superior a você. Contratei você pois vi em ti um palhaço completo. Feio, desproporcional, com trejeitos tresloucados, incapacidade de até andar como uma pessoa normal. Vi em você um palhaço, tudo que fazia parecia uma piada.

- Mesmo assim, eu quero pedir demissão.

- Você é, sempre foi e sempre será uma decepção, Astolfo. Bote isso na sua cabeça. Todos reconhecem o fracasso que você é.

- Eu continuo querendo me demitir - disse chorando, apertando os dentes e controlando minha raiva.

- Ora, tudo bem, não vou ser mal com alguém que é meu empregado há tanto tempo. Mas façamos um show de despedida para transmitir na internet.

- Posso fazer um pedido pra participar desse show?

- Sim, o que quiser.

- Quero que finalmente comam minha comida.

- É um pedido bem simples, acho que você merece isso depois de tanto tempo. Aceitado.


    Daquele dia em diante, planejei minuciosamente a minha vingança. Envenená-los-ia. Daria a eles o último show. O show em que eu não seria a piada. O show que agora, meu caro telespectador, você vê. O show em que eles são a piada. O show em que eu confesso os crimes que eles mesmo não confessaram. E, agora, finalmente poderia pegar o lugar do mágico. Far-lhes-ei um ato mágico. O que é, o que é: o saber que mais se sabe e o saber que mais não se sabe? O que é, o que é: quanto mais evidente, menos evidente é? Digam-me, meus queridos telespectadores, a verdade mais brutal e brutalmente negada! Estão preparados para descobrir o que a humanidade mais sabe e não sabe? O que a humanidade mais tem por evidente e por menos evidente? Querem saber o que é mais brutal e o que é mais brutalmente negado? Ok, 1, 2 e 3. (O palhaço dá um tiro na sua própria cabeça).

Acabo de ler "Mistérios Divinos" de Neil Gaiman e P. Craig Russell

 



Faz algum tempo que ando me aproximando do mundo das revistas em quadrinhos. Esse mundo, até agora, nunca me deixou de fascinar. Entre meus autores prediletos, encontra-se Neil Gaiman, uma pessoa capaz de proporcionar fantásticos enredos que sempre movem o leitor para uma leitura curiosa e apaixonada.

Como não poderia deixar de ser, "Mistérios Divinos" é outra excelente HQ de Neil Gaiman. A história se passa antes da criação de nosso mundo, quando os anjos viviam produzindo tudo que será utilizado no mundo que vivemos. Embora hajam alguns personagens que vivam no mundo em que nós vivemos.

Se a pergunta é: "como era o mundo antes de Adão e Eva", essa revista em quadrinhos traça um cenário para essa pergunta teológica. Claro que ela goza duma visão pouco ortodoxa no âmbito da teologia, porém isso só impacta gente meio fanatizada que não consegue se entregar numa experiência cultural sólida. Convido o leitor a esquecer-se por um momento de suas crenças teológicas e gozar dessa ótima experiência literária e artística.

A HQ seguirá dois personagens, um anjo e um homem. O caminho dos dois será encontrado na narrativa. E, interessantemente, pode-se ter um roteiro que deixará o leitor cada vez mais expectativo com a consumação dessa história que sempre deixa um gosto de quero mais. Um processo investigativo é traçado e questionamo-nos a função dos anjos e o desempenho de cada um deles no pré-criação.

Em relação a comentários sobre a história total, prefiro deixar-lhes mais com a experiência em si do que um comentário que estabelece previamente todos os eixos. Digo-lhes, tão apenas, que a experiência vale muitíssimo a pena e que a história tem bastantes reviravoltas.

sábado, 10 de setembro de 2022

Acabo de ler "Resident Evil Vol III" de S. D. Perry

 



Esse é o terceiro livro, todavia é o quarto que analiso. E estou gostando da experiência de ler todos os livros disponíveis da melhor franquia sobre armas biológicas do mundo. Preferi ler os livros do que perder meu precioso tempo com filmes e séries questionáveis que são excepcionais em fugir do enredo central dos jogos.

Nesse livro, acompanhamos o mais fantástico personagem da franquia, Leon S. Kennedy. Além da irmã de Chris, Claire Redfield. Os dois, como já devem adivinhar, sem muita sorte. Leon embarca em Raccoon City como seu primeiro dia de policial - e que primeiro dia, minha gente - e Claire busca seu irmão. Como consequência, os dois se deparam com uma série de problemáticas geradas pela empresa queridinha da galera (Umbrella).

A trama se passa num estado muito mais avançado de degradação de Raccoon. O cenário de catástrofe é cada vez mais presente e a destruição da cidade toma contornos de nível apocalíptico. Numa cidade cheia de zumbis, abandonada por aqueles que foram suficientemente espertos de ir embora cedo, Leon e Claire serão testados por todo tipo de abominação que por lá anda. O inferno na Terra torna-se ainda maior quando Birkin cria algo pior que o T-vírus - provando que nada é tão ruim que não possa piorar -, o famoso G-vírus. Birkin injetará o vírus em si mesmo e viverá uma arma biológica ambulante e mortal.

O livro também conta com a participação de Ada Wong, uma espiã que está incumbida da tarefa de roubar o G-vírus. A filha e a esposa do gênio do mal, senhorita e senhora Birkin. O leitor é convidado a entrar nessa deliciante e horrorosa viagem cheia de monstros, tragédias e condições abomináveis de todos os tipos.

Como fã de terror desde a minha tenra idade, ao ponto de ouvir creepypastas antes de dormir, sou suspeito ao falar. Gostei bastante do livro e, ao terminar essa análise, já parto para o próximo. Vale muito a pena se dedicar à horripilante e dantescamente fantástica de Resident Evil.