quinta-feira, 13 de abril de 2023

Acabo de ler "Psicologia Aplicada de Jung - Capítulo 8: o estudo dos arquétipos"




Um arquétipo é uma imagem primordial, uma leitura criada pelos nossos primeiros ancestrais. Segundo Jung, os arquétipos localizar-se-iam no inconsciente coletivo. Essa subestrutura que existe dentro de nós leva-nos a dados padrões comportamentais instintivos e inconscientes.


Jung descobriu o inconsciente coletivo ao estudar várias culturas aos redor do mundo. Ele descobriu um universo de símbolos comuns representados de formas distintas pelos diferentes tipos de humanos. Jung percebeu que mesmo existindo uma diferença entre um símbolo e outro, certos símbolos apareciam universalmente e desempenhavam papéis semelhantíssimos entre si.


Essa subestrutura encontrada por Jung seria presente em todos os seres humanos, demonstrando a unidade da humanidade numa única espécie. E também demonstraria um legado que nos deixa mais próximos um dos outros, visto que todo pensamento humano é ligado consciente ou inconscientemente a essa mesma estruturação.


Os estudos dos arquétipos como estrutura comum a todo mundo e a forma com que nossa personalidade se molda a partir dos arquétipos talvez estejam nos tópicos mais interessantes de todos os estudos psicológicos.


Acabo de ler "Contos de Lima Barreto"

 



Esse livro, junto com a sua coleção, chegou-me por acaso. Fazia parte dum grande número de obras que seria descartada pela instituição em questão. Graças a isso, ganhei na loteria acadêmica/intelectual.


Sobre o livro: o autor tem um estilo muito surpreendente. Ele adentra nos miúdos da vida social da época e traça uma grande narrativa, muitas vezes bastante psicológica, que usualmente termina na surpresa e agrado do leitor.  A forma com que ele consegue trazer profundidade em pouquíssimas páginas é fascinante.


Sempre sabemos que há algo de errado, algo que alguma hora sobressaltará. Ler esse autor é um exercício de inconfundível confusão. Seus textos são marcados por um entrelaçamento em que, alguma hora, algo será revelado e esse revelado será algo de errado e de cômico.


Recomendo esse livro a todos que buscam entretenimento de qualidade. Cada texto traz uma narrativa e temas bastante complexos, só que nunca ultrapassando uma exposição que interesse ao gosto do leitor. O autor é inteligente sem ser chato.

terça-feira, 11 de abril de 2023

Acabo de ler "Psicologia Aplicada de Jung - Capítulo 7: a utilização da classificação de Myers Briggs (MBTI)"

 



MBTI é um tema bastante procurado e difundido na internet. Eu, por exemplo, sou INTP (Introvertido, Intuitivo, Pensador e Perceptivo). O que significa que a minha personalidade é pautada na lógica, pela sede de conhecimento e criatividade. E que também tenho uma forte tendência a procrastinação.


A classificação é essa:

(E) - Extrovertido;

(I) - Introvertido;

(S) - Sensorial;

(N) - Intuitivo;

(T) - Racionalista;

(F) - Sentimentais;

(J) - Julgadores;

(P) - Perceptivos.


(Faça já seu teste e descubra seu "signo psicológico" e adentre pro clubinho).


Essa classificação é baseada nas teorias psicológicas de Jung e vem servido como esquema classificatório para muitas pessoas, gerando até variados grupos de interação nos mais diversos países e com as mais diversas línguas. Podem ser encontrados nas mais variadas redes sociais.


Existem muitas pessoas que veem esse sistema classificatório como problemático em decorrência de sua mutabilidade, podendo variar entre os tipos psicológicos apresentados. Não caindo aqui nas polêmicas, que é algo divertido, isto é inegável. Embora a piada com "astrologia para nerds" também o seja.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Acabo de ler "Classroom of the Elite - Vol 4.5 - Syougo Kynugasa" (lido em espanhol)

 



Ao contrário de minha aposta anterior, esse volume também não adaptou a parte em que o anime se encontra. Aqui é preciso frisar: não é o anime que adapta a pequena novela, mas justamente o contrário, esta é apenas uma forma de dizer em que parte a novela se encontra. Mesmo não estando onde o anime está, me deixou com uma agradável surpresa.


O anime simplesmente pulou essa parte da novela. Talvez por considerar essa parte de menor importância. Creio que eles pensaram que os eventos não seriam impactantes o suficientes para serem dignos de adaptação. Creio que por ser uma parte em que o autor prepara terrenos para acontecimentos futuros, os fãs de anime teriam a sensação de que estamos diante de um grande prólogo ou de um gosto de "esperar pra ver".


De fato, muitos acontecimentos de menor importância ocorrem, listá-los-ei aqui sem tentar cair em spoiler:

1. Ayanokoji e Ibuki tem um "arco" só para eles dois juntos;

2. A relação do líder da classe A com sua irmã é mais desenvolvida;

3. A relação de Kei com Ayanokoji tem traços sutis de desenvolvimento.


Como Ayanokoji foi criado num local de baixa interação social, para se tornar uma espécie de líder, o seu desenvolvimento como personagem frio e calculista ao extremo encontra-se nessa necessidade dele adquirir experiência social. O autor (Syougo Kynugasa) já está deixando claro que isso ocorrerá no futuro, visto que ele se torna cada vez mais próximo disso conforme testa o terreno. Creio que, em capítulos posteriores, teremos mais e mais provas disso.

sábado, 8 de abril de 2023

Acabo de ler "Los seis maestros del error" de Carmen Dragonetti (lido em espanhol)

 



Este pequeno livro faz referências a três religiões específicas: bramanismo, budismo e hinduísmo. O livro é sobre autores heterodoxos e o que defendiam. E é por causa de sua heterodoxia que o nome do livro é "os seis mestres do erro". Um livro bastante interessante.


A discussão sobre ortodoxia e heterodoxia é uma das mais acirradas em qualquer discussão teológica, pouco importando qual religião ou doutrina seja. Não é estranho observar que pode ocorrer dentro de religiões pouco conhecidas ou pouco observadas no Brasil.


A ortodoxia seria enquadrada como o comportamento ou o pensamento correto. A heterodoxia pode ser enquadrada como o comportamento ou o pensamento incorreto. Só que uma discussão como essa não poderia ser simplificada. Usualmente aquilo que se é aceito ou aquilo que não se é aceito numa estrutura religiosa é baseado numa longa discussão religiosa que pode durar centenas ou milênios de anos. Nada chegou ali por acaso, nem os dogmas (alguns só estabelecidos após milênios de discussão).


Aquilo que pode ser visto como herético numa dada estrutura pode ser visto como correto em outra. Um exemplo disso é que Deus fazer-se humano é uma heresia ao judaísmo e ao islamismo, porém faz parte do componente estrutural do cristianismo. A mesma discussão poderia ser enquadrada no seio das discussões de doutrinais filosóficas ou ideológicas. Para tal, exige-se uma certa capacidade de leitura baseada num eruditismo singular na tradição que se observa.

Acabo de ler "Psicologia Aplicada de Jung: Capítulo 6 - A Teoria da Libido e As Personalidades: Extrovertidas e Introvertidas"

 



Jung desenvolveu uma teoria de tipos psicológicos para explicar a estrutura comportamental de sujeitos. Dessa forma, trouxe um importante instrumento classificativo, seja para o autoconhecimento, seja para a própria prática terapêutica. Demonstrando, mais uma vez, a amplitude da psicologia desenvolvida por Jung.


O tipo psicológico de alguém se forma a partir da forma que esse alguém adotou para interagir com o meio em que vive. É evidente que a forma com que esse meio é altera as formas possíveis de agir nele. Com o tempo a estratégia desenvolvida de atuação vai se solidificando num tipo psicológico específico, dispondo a pessoa a agir duma maneira e não de outra.


Os extrovertidos gostam da ação e sentem cansados quando a ação não é tomada. Os introvertidos gostam da reflexão e precisam de tempo para refletir para se sentirem reanimados. Pessoas que analisam o mundo se baseando na razão querem pensar sobre determinado objeto para compreendê-lo. Pessoas que gostam de sentir o mundo, veem os objetos e sujeitos a partir do que sentem em relação a ele.


Existem pessoas que, dominadas mais pela percepção, preferem que as escolhas fiquem em aberto para se sentirem seguras. Já as que são mais ligadas ao julgamento gostam que decisões sejam tomadas para que se tenha segurança quanto ao processo que ocorrerá.


Evidentemente que somos ligados as mais diversas operações e que uma atua junto a outra. Embora as disposições principais sejam de caráter mais permanente. Jung também observou que quando uma disposição é reprimida, ela tenderá a aparecer num momento de crise  e dominará as ações das pessoas de modo imprevisível e por isso é bom que pessoas de determinados tipos psicológicos tomem ações inusuais para si mesmas na tentativa de regular a atividade psíquica.

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Acabo de ler "La historia me absolverá" de Fidel Castro (lido em espanhol)

 



A Cuba vivia numa violenta ebulição social quando esse livro foi escrito. O melhor seria dizer: o desenvolvimento desse se trata duma transposição entre uma retórica fulminante de Fidel Castro num discurso em forma textual. Esse livro é o discurso de Fidel em defesa própria, e caso não saibam: Fidel era advogado.


Em sua época, Fulgêncio Batista era o ditador da vez. Corrupto, autoritário, utilizava do poder desmesuradamente e constrangia os direitos humanos mais fundamentais. É possível se especular que a própria radicalização do conflito social, em sua consequência última (Revolução Cubana), tenha sido em parte culpa da condução assimétrica que o governo ditatorial do Fulgêncio Batista tomou. É sabido que uma pressão constante em um lado gera uma contrapressão que lhe vai em sentido oposto. Um lado armado extremamente dialeticamente faz com que o oposto surja em radicalidade como forma de contrapartida.


Nota-se aqui uma inteligência dentro de Fidel Castro e a unidade dum discurso coerente, um tom fortemente moralizador e uma necessidade combativa de mitigar as problematicidades que Cuba se encontrava em seus mais diversos âmbitos. O que se pode questionar é, ao final, a forma que o próprio Fidel Castro agiu dentro do poder e o grau de similitude que encontrou com aquele que mais combateu (Fulgêncio Batista).


Não posso deixar de citar o nome de José Martí, um pensador e responsável por grande parte do movimento revolucionário cubano, que influenciou bastante a Fidel Castro. Este é citado com frequência por Fidel na estruturação de suas ideias e a sua leitura deveria ser recomendada para compreender as ideias de Fidel.


A leitura desse livro é recomendada para todos aqueles que querem compreender mais da história cubana. Mesmo que, assim como eu, estejam distanciados da figura de Fidel Castro.