sexta-feira, 17 de março de 2023

Acabo de ler "La Crisis del Mundo Burgués" de José Luis Romero (lido em espanhol)

 



O fim do mundo inteligível é o fim de um mundo, mas não o fim cabal do mundo. O cristianismo destruiu a cultura clássica e, posteriormente, com ela se sintetizou. O renascentismo e o iluminismo também criaram um novo mundo. Os períodos revolucionários também possibilitaram a existência de mundos novos. E vários desses logo criaram formas mais sintéticas e aproximadas com mundo anteriores.


A questão da decadência do mundo burguês está na ascensão das massas que, quanto maior acesso cultural e maior riqueza, cada vez mais lutam pela realização de um outro mundo. Essa nova gente, da qual eu faço parte, não se vê engendradas nos processos estruturais da sociedade. A ausência de reconhecimento como parte desse tecido social leva um afastamento e uma dissidência para com essa própria sociedade.


A grande questão é a capacidade da sociedade criar meios de encaixar todas essas pessoas com suas demandas. Isto é, quanto mais consciente de si as massas se tornam, mais elas querem se ouvir. O simples ignorar não funciona: logo faz com que essas pessoas, cada vez mais insatisfeitas, criem grandes ebulições que podem até mesmo destruir a sociedade. Então a política de acomodação dessas figuras insurgentes é um dever para a própria saúde da sociedade e do mundo como um todo.


É preciso que haja uma forma democrática mais direta e dinâmica. Uma política que seja capaz de ouvir, entender e botar em prática as novas demandas sociais que, para seu próprio bem, deve acolher. Uma política integrada é melhor do que uma política que cerceia e oprime opositores. Quanto mais se oprime uma mola, mais seus braços doem e mais uma força reversa cresce. O grupo oprimido se alimenta de ódio e se radicaliza, produzindo uma forma danosa de se portar frente a sociedade, porém bastante compreensível.


O futuro do sistema e/ou o sistema do futuro dependerá de sua capacidade de atender as emergentes demandas sociais. Não há como ignorar uma massa de indivíduos que, a cada dia, crescem ignorados pela estrutura engessada. Já que uma força que pressiona gera uma força contrária que dificilmente será contida.

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