A vida é um tabuleiro de movimentos existenciais que se sucedem. Um movimento existencial só pode ser respondido com um movimento existencial correspondente. Não temos controle, graças a nossa finitude, das situações vivenciais que nos serão apresentadas. O mundo é grande e complexo demais para ser controlado e se apresentar aos moldes de nossos gostos. Dito isto, o sentido da vida não pode ser algo escolhido por nós. O sentido da vida é a vida quem dá.
Cada situação apresentada pela vida surge como uma espécie de questionamento. A circunstância nada mais é do que uma questão da existência diante do ser. É pelo questionamento que podemos responder. Responsabilidade é, antes de tudo, dar uma resposta. Ou seja, não devemos nos perguntar qual é o sentido de nossa existência, é a vida quem nos questiona e nos dá as pistas dessa resposta.
O sentido da vida é criado pela circunstância. Isto é, ele não pode ser encontrado de modo meramente subjetivo. Há um quê de objetividade - a circunstância - que se apresenta junto a ele. Logo, o sentido não pode ser "dado", visto que isto é moralismo e, ao mesmo tempo, alienação e totalitarismo. Nem podemos cair no comodismo. Existe, frente a posturas existenciais, dois engodos altamente alienantes que se apresentam: a imposição dum sentido arbitrário - totalitarismo imposto moralmente - e a negação de esforço - comodismo.
A frase "Eu sou eu e minha circunstância" de Ortega Y Gasset cai como uma luva. O sentido da vida é a integração entre a totalidade que a vida apresenta - a circunstância e a existência pregressa - em adição a carga subjetiva de nossa substancialidade enquanto seres concretos. Essa adição sintetizadora é, em última instância, o caminho ao qual cada um de nós, em sua particularidade, deve cursar. Investigar quem é e o que vive é uma das chaves.
Creio que este livro, talvez desconsiderado pela maioria das pessoas que conhecem Frankl, é gigantesco pelo impacto que me causa. Sua leitura me ajudou a enriquecer os recursos de minha consciência e continuar lutando, mesmo que eu quisesse ter desistido há muito tempo.
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