O que dizer da Coreia do Norte? Usualmente chamada de "Melhor Coreia", é a queridinha dupla. Isto é, desde a ascensão da Nova Direita Cultural, ela se tornou admirada pelos setores tradicionalistas da QTP e, ao mesmo tempo, ainda é admirada por comunistas de todos os países. Existe até mesmo a noção de que a Coreia do Norte tem valores mais apegados à tradição, à hierarquia e aquilo que usualmente predomina na direita tradicionalista ao mesmo tempo que promove ideias de índole esquerdista. De qualquer modo, isso é assunto para outro texto.
A jornalista escolheu um caminho turvo. Suas noções intelectuais rimam bem com a retórica ocidental moderna, muito mais liberal do que comunista. Graças a isso, vemos o livro com um ar atmosférico duma psicologização que atinge arroubos meteóricos de thriller. Até mesmo quando a jornalista fala sobre a limpeza, organização e ausência de crimes na Coreia do Norte, sente-se no compromisso vital de criticar os aspectos totalitários do país. O país é muitas vezes descrito como "reino ermitão" pelo seu absoluto isolamento. O que o torna de difícil compreensão teórica.
De qualquer modo, a experiência que nossa escritora passou lá é bastante pendente a uma noção bem negativa. Sobretudo quando essa negação se deu previamente através duma linha de pensamento. Não a condeno, visto que também tenho um ar dialético que afasta a maioria das pessoas pelas nuances que minhas análises possuem. A autora fala bastante sobre a hierarquização social e os privilégios da elite, além da separação da sociedade que é fragmentada pela dedicação e apoio que dá ao regime. Como se fosse uma espécie de França pré-revolucionária de três estados, só que agora atipicamente estruturada numa sociedade declaradamente socialista.
A existência de elementos pré-capitalistas em "sociedades comunistas" – encaradas como fechadas – e até mesmo a recriação de fenômenos sociais anteriores às revoluções liberais é amplamente estudada por conservadores e liberais do século XX. Se você juntar os estudos de Eric Voegelin, de Vladimir Tismaneanu e teóricos da Quarta Teoria Política, saberá disso.
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