quinta-feira, 4 de abril de 2024

Acabo de ler "O que é direção teatral?" de Walter Lima Torres

 


O teatro tem muitas características que são mais complexas do que podem soar inicialmente. Uma dessas características é a direção teatral. Todavia esse pequeno artigo trata de várias delas, de forma bastante interessante e com uma postura histórica apurada.


Um encenador teria que lidar com a ausência de atores e atrizes sem capacidade de leitura, por causa do analfabetismo. O treino das falas se tornava mais difícil. O diretor tinha que se submeter ao textocentrismo, dando margem a uma soberania dramatúrgica. O ator seria de um tipo-personagem só, com base muitas vezes em estereótipos.


Hoje em dia, o que mudou? O ator contemporâneo é camaleônico, mudando e reinventando-se enquanto ator com base num estudo pormenorizado em vários âmbitos. O encenador não pode mais escolher um ator com base em estereótipos de forma doutoral e precisa lidar com a coautoria do ator. O diretor não está mais submetido ao aspecto textocêntrico e tem maior maleabilidade, pensando na estrutura cênica. O dramaturgo precisa compreender que as peças não existem apenas por si mesmo, mas estão dentro duma dinâmica coletiva em que ele faz parte.


É central que hoje existe uma maior descentralização no teatro. Essa descentralização é baseada numa maior dimensão do coletivo enquanto portador de igualdade, inclusive na questão criativa. Logo há uma certa espécie de democratização do teatro. Essa mudança dificilmente veio para ser substituída. Além disso, ela é fruto do próprio aumento da educação.


O teatro, tal qual qualquer outra área, tem lá as suas modificações e o diretor também tem que lidar com essa pluralidade dialógica ao qual está submerso como membro do teatro. Ganhou maior autonomia, mas essa autonomia está enquadrada numa maior igualdade com seus parceiros de trabalho.

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